Oleg e Vladimir Presnyakov são indistintos, conforme disse Roberto Alvim, o mediador do debate que ocorreu logo após a apresentação. Eles não respondem a perguntas separadamente, são uma única entidade social dividido por dois (só Beckett explicaria) e atualmente suas peças são vistas por toda a Europa e agora chega até nós, com a tradução de Klara Gourianov.
Os Presnyakov introduzem à estrutura dramática, o conceito de camadas* de conflitos, que vão se sobrepondo umas às outras e que interagem nos últimos planos cênicos. Esse tratamento rompe com os blocos clássicos de construção de enrêdo, porque somente no último quarto da leitura torna-se possível amarrar o conjunto da obra.
Terrorismo é apresentado em seis cenas, denominadas Terrorismo 1,2...5,etc. Cada cena tem seus próprios personagens e sua própria complicação dramática. O clímax e o desfecho se dão no final como se fosse mesmo uma bomba que explode num ato terrorista, interligando todas as tramas. Interessante, não?
Essa técnica apresentada oferece leveza à carga dramática, além do que, o texto também tem uns pequenos suspiros de humor negro, como a guia do cão, que serve para enforcar; as balinhas de veneno para liquidar com certas etnias, etc.
A leitura foi dirigida por Antonio Gilberto e o elenco se portou à vontade e desenvoltura, com um destaque especial para Ivone Hoffmann com sua habilidade na modulação vocal.
*a noção de camadas (layers) vem do emprego do autocad, que é um software para desenho arquitetônico usado no mundo inteiro, fazendo desaparecer as pranchetas e os desenhistas com canetas de nanquin e réguas tês
Um comentário:
Amigo Robertson,
Gostei da mudança. Mudar é sempre bom. Vida intelectual intensa e me deixando com inveja (sadia) das suas tertúlias.
As minhas ficam por conta das idas a Salvador (que são raras).
Breve estarei de férias e então terei tempo para me deleitar com as opções culturais que estarão por aqui.
Abraço.
Em tempo: apareça!
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