segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Orgia Solar

A mente flutua numa ausência,
num vazio de palavras,
nada a dizer,
apenas flanar na vastidão dos espelhos
planos, côncavos e convexos;
nas imagens multiplicadas
ou divididas, já não sei ao certo,
são tantas, que me aborreço.
São imagens de corpos sobre corpos
desnudos, carnudos e libidinosos,
amontoados e lambuzados,
numa orgia solar quase religiosa.
Minhas pálpebras aquecidas reagem fastidiosas.
Flutuo sobre os corpos espelhados,
nada a dizer, sou um reflexo,
das massas abdominais,
dos bíceps e tríceps,
panturrilhas e glúteos.
só imagens de imagens.
Um labirinto sem fim.

3 comentários:

Sérgio Araújo disse...

Caro amigo Robertson,

Senti sua ausência nos posts aqui no blogue e no PL.
Vejo que voltou com a criatividade de sempre e nos presenteou com este belo poema visual, em que, mais uma vez, reflete a percepção apurada subsidiada por uma erudição inconteste.
Abraço.

Beto Rébula disse...

Caro amigo Sérgio, sinto-me honrado pelas gentis palavras, principalmente vindo de alguém de seu quilate literário.
Estive em férias e as turbinas esfriaram, estou reaquecendo aos poucos.
Abs e obrigado por ter vindo ao CV.

sonia regina disse...

"numa orgia solar quase religiosa.
Minhas pálpebras aquecidas reagem fastidiosas.
Flutuo sobre os corpos espelhados"
Muito bonito todo ele, embora faça esse destaque. Teus poemas são bem construídos, mas não é só uma feição formal: toca o coração.
Olha, poeta, vi que vc tá lá como leitor do letra etc.
Mas...aparece efetivamente! Sentimos tua falta.
bjs mil