quinta-feira, 19 de março de 2009

pequeninas almas

Há vidas dentro de mim.
Elas percorrem o avesso do meu corpo
E livres
Provocam leves arrepios.
Excitado, eu passo e sigo...
Mas não sinto.

Alguém não me chama
Mas... eu ouço lá fora.
Surpreso, não entendo.
Conformado, me rendo e me entrego...
E não me ressinto.

E minhas vidas e meus devires?
São tantas minúsculas vidas,
de tão fortes, tão fortes,
que me arremessariam
longe daqui onde estou cansado...
Mas, meus ouvidos não escutam
As pequeninas almas.
Só ouço quem não me chama.

Um comentário:

Savio Gomes música&poesia disse...

Olá, caro Robertson!

Que poema belíssimo! Forte e verdadeiro! Poemas como este, eu os coleciono para os meus atendimentos terapêuticos. Ocorre, algumas vezes, que o paciente fica "travado", entra num processo de circularidade, sem querer deixar vasar aquilo que o oprime. A leitura do poema, facilita o "autocuidado" e o consequente extravasamento da causa opressora. São técnicas, evidentemente, não da Psicanálise, da qual você é "expert", mas, da Fenomenologia Existencial, com a qual trabalho. O Poema, vai atuar no despertamento do Dasein. E este poema, trata exatamente do Dasein, questionando os arredores da Essência.
Valeu, mesmo! Muito obrigado e parabéns!!!