"Tudo ressoa, mal se rompe o equilíbrio das coisas.
As árvores e as ervas são silenciosas: se o vento as agita, elas ressoam.
A água está silenciosa: o ar a move e ela ressoa.
As ondas mugem: é que algo as oprime.
A cascata se precipita: é porque falta-lhe solo.
O lago ferve: algo o aquece.
Os metais e as pedras são mudos, mas ressoam se algo os golpeia.
Assim também o homem. Se fala, é porque não pode conter-se.
Se se emociona, canta.
Se sofre, lamenta-se.
Tudo o que sai de sua boca em forma de som se deve ao rompimento de seu equilíbrio...
A palavra é o mais perfeito dos sons humanos;
a literatura, por sua vez, é a mais perfeita forma de palavra.
E assim, quando o equilíbrio se rompe,
o céu escolhe entre os homens os que são mais sensíveis e os faz ressoarem."
Han Yu (poeta chinês do sec.VIII)
foto: Baraka
2 comentários:
Belíssimo e reflexivo poema!
Oxalá, o povo brasileiro também ressoe! Estamos precisando de urgente reverberação, já é hora de sairmos da letargia de estarmos "deitados eternamente em berço explêndido"!
Não há mais equilíbrio nem Moral nem Ético, mas estaremos acomodados demais para 'ressoar'?
Saudações,
Sávio Gomes
Correção:
Onde se lê "eXplêndido", LEIA-SE "Esplêndido" que é a forma correta.
Sávio Gomes
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