quinta-feira, 30 de abril de 2009

Lindo clinamen

Perdi a conta dos desvios.
Alguns pequeninos êxitos,
outros, retumbantes estios.
sempre afeto ex-nihilo.

Fotografei um lindo clinamen.
Passou furioso em busca
de um afeto que o ame,
mas recusei voltar para Ixtlan.

Arei forças moleculares
próximas e menos caóticas,
longe das invernadas polares.
Lingeries pretas são eróticas.

Deixo sua esteira. Me fixo,
pois ainda sou prolixo.
Clinamen não é asterisco.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Zaratustra é francês!

Uma homenagem pelo ano da França no Brasil.

Foi proposital a conjugação no tempo presente no título de "Zaratustra é francês".

Disso não duvido, porque cheguei a vê-lo no Vale d'Ossau nos Pireneus franceses. Quis conversar com ele, mas só pude escutá-lo. Havia muita gente. Desde os argelinos mulçumanos, como muitos calvinistas que por lá estavam. Embebeciam do que ouviam. Só pude filmar a mão e, evidentemente, o que disse. Não deixem de assistir o filme "A mão de Zaratustra", que ainda está em cartaz neste blog.

As imagens que vocês vão ver foram feitas quando Macunaíma foi gerado no ventre de sua mãe, na Amazonia da Guiana Francesa. O pai dele era francês e foi comido pelo Tupinambás no filme, que vocês lembram "Como era gostoso o meu francês", de Nelson Pereira dos Santos.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

dos estóicos a Borges - I

O espírito tem espelhos pouco claros,
o espírito não usa linguagens,
porque não está preso
ao tempo que corre e nem se representa,
mas o Espírito é condescendente
e fala aos homens,
depois de brincar com as crianças.
Sim, primeiro os pequeninos
do qual o Reino lhes pertence.

O espírito vem e encarna para conhecer.
Ah, ambiguidades carnais e suas delícias,
os espíritos desejam os corpos!
Os incorporais se juntam aos corporais,
se fazem sentir nas peles,
nos arrepios, nos poros,
por todas as superfícies.

Os estóicos encheram-se de júbilo,
o tempo correndo rasante sobre os pêlos,
sussurando,
com um hálito quente, significados,
gozos e ais...

Os estóicos tinham razão!
Por que manter a predicação(da 3ªpessoa)?
Os incorporais já moram sobre os corpos,
logo, os incoporais incorporaram.

É isso! As árvores verdejam,
os mares enchendo e vazando,
os rochedos contemplando,
os amantes amando,
as crianças brincando,
os espíritos incorporando,
as almas animando
e os sonhos potencializando
mundos desejantes.

domingo, 26 de abril de 2009

Cheiro de Sol

clique na imagem para ampliar


Feira de antiguidades e bujigangas velhas: as moedas, as xícaras, os cálices, os relógios e as máquinas de retratos. São tantos objetos, têm as caixinhas de música, os colares, as fotos, os pratos, as taças e os leques lindos e coloridos.

A feira é uma festa para os olhos, um carnaval de cores. As gentes circulando, o sol irradiando seus raios em todas as direções também comparece e mostra seu poder calorífico e lumínico.

O cheiro de coisa velha também é forte e impregna. Ah, cheiros e odores! Foi nesse dia de sábado, que ouvi: o sol da manhã tem cheiro, sabia! Relutei a princípio e de novo ouvi: É isso mesmo, o sol nas manhãzinhas emite nos seus raios, um tênue odor de ultravioleta.

Só assim fui capaz de senti-lo, num flash muito rápido, enquanto dirigia no Alto da Boa Vista.
Tão surpreendente é a força da lembrança, que me trouxe de volta à consciência a sensação dos meus banhos de luz em Caçapava.

Era uma criança de 5 ou 6 anos com bronquite. A emissão de luz era forte e era necessário o uso de óculos protetores bem escuros, quase negros. Durante o banho, estendido sobre aquela cama metálica e fria, ficava em silêncio, quase nú, sem entender em quê, aquele calor azul poderia me ajudar a respirar melhor. Mandavam que ficasse de bruços e depois de barriga para cima. Só obedecia e respirava um ar com cheiro de ultravioleta da máquina de luz, que somente cinquenta e tantos anos depois viria redescobrir.

A sala deixava de existir tamanho o deslumbramento. Além dos limites da luz angelical, nada havia. Apenas uma solidão sentida, penetrada por um odor fino e adstringente. As narinas o percebiam de longe, assim como há pouco senti suavemente, ao fazer a curva no Alto. Uma leve impregnação de ultravioleta invisível no ar.

Agora sei o que é um verdadeiro cheiro de sol espalhado no verde das matas... e não tem nada a ver com o cheiro das bugigangas coloridas e bolorentas de guardado. Decorre dessa vivência, uma certeza, de que quanto mais abertos somos, menos bolorentos ficamos. Guardar poucos ou nenhum segredo e muitas, mas muitas lembranças...no coração.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Norte Sideral


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Foi isso que vi: berrante luz!
o livro sem nome e sem final
abriu uma fenda sideral
nas miragens dos campos hindús?
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Qual é o norte e qual é o sul?
tampouco necessário é conhecer,
em assombro, o monolito deslizante
da odisséia no espaço é fosforecer.
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Cintilante luz. Rompe o fastio,
o cansaço que repete o dia
introduz nova cartografia
e expele do velho homem a magia.



quarta-feira, 15 de abril de 2009

Playground


Clique sobre o texto ao lado e depois imprima. Através de um espelho leia o texto. Para facilitar a leitura, junte a folha impressa ao seu rosto, lado a lado.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

"Zaratustra fala à multidão"

O homem é uma corda estendida entre o animal e o Super-homem: uma corda sobre um abismo; perigosa travessia, perigoso caminhar, perigoso olhar para trás, perigoso tremer e parar. O grande do homem é ele ser uma ponte e não uma meta...

texto extraído do livro Assim falava Zaratustra de F. Nietzsche.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Luzes Caóticas

Henri Bergson(1859-1941) foi um grande filósofo francês. Entre diversos trabalhos, escreveu um livro chamado Matéria e Memória, de vital importância para os pensadores e trabalhadores da imagem.

Hoje à tarde, estava eu desenvolvendo o ócio criativo, quando subitamente, ao admirar o sol entrando pela janela, vi muitas imagens que criavam formas e efeitos luminosos sobre o voil da cortina. Me lembrei de Bergson e seu 1º sistema de imagens. Em seguida fiz algumas fotos e criei esse filminho. Espero que gostem.

domingo, 5 de abril de 2009

Dureza Submissa



Ah, dureza submissa

tua alma é torcida e revirada.

Furtivos em ti escondem

beijos sugados e chupados,

em tua língua lisa e desmascarada.
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Meu olhar te descobre,

te desnuda e te penetra.

deslizo pelas tuas curvas abusadas.

Ah, que forma adorável e perfeita

tu és leve e descasada.
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Escorre tua saliva doce
pela minha mão
pousada na fria textura
impregnada
de segredos esquecidos.