quarta-feira, 27 de maio de 2009

Primeira Linguagem

Aahhh! Quantos sentidos de gritos primais
foram ouvidos e ecoados antes da segunda linguagem;
quantos gemidos e sibilos zuniram nas matas
antes da terceira linguagem
onde berrantes, acharei teus vestígios,
extintos antes da inauguração de todas as linguagens?
tsiiiiuuu....chiiillll....póoooooúuuuu....psiuiuuuu

Heheheihei, onde andam pré-repentistas guturais?
Heiii, os sibilantes evocadores de tesão?
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Meninada da gritaria de plenos pulmões
Balbuciem tudo que possam balbuciar,
falem todas as linguas dos bichos,
conversem com todas as árvores,
com as águas, com os trovões e relâmpagos
sejam errantes linguísticos desligados e
desconectados, integrem os quasares
de luzes, antes da iniciação: papai e mamãe
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ourotomanosalvosoturnovozestrovadores

domingo, 24 de maio de 2009

Doce perfume

Quantas vezes murmurei seu nome em solitário;
Muitas outras, escrevi no espelho suado;
Algumas, temi por nosso amor invejado;
Raras, foram às vezes que esquecemos o primário.

O passado passou, a vida seguiu, o rio não parou.
A lembrança não desvaneceu e o amor permaneceu;
A quietude chegou, mas o coração não conformou
Com o que o destino reservou. Nossa terra estremeceu.

Os fundamentos cederam: a torre desceu,
A porta se abriu, meu corpo saiu e vagou
Um vento pra cá, outro pra lá. O mar encapelou.
Um afogado, dois afogados, mas este não pereceu.

Hoje, canto pela vida que conheci
lado a lado e com nossas mãos dadas
os tesouros espirituais que mereci.
Exalo sua doçura. Flores não nascem do nada.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Adoradores de Imagens (final)

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crédulos adoradores de imagens de tintas
de gesso de barro de cores de gente
de olhos de rostos de bocas famintas
de fumo de bundas de morte de sangue
de todas as hordas de imagens do mangue
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imagens humanas de olhos vorazes
refletem nos longos espelhos da vida
cegueiras que cumprem destinos mordazes
repetem a idéia perversa da sina
de olhares sedosos de rapina
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crédulos adoradores das sombras
de cifras Narciso dos mentalistas
sugam cinzeiros com suas trombas
ávidos contumazes reducionistas
não quebram seus espelhos hedonistas
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trinquem seus espelhos de morte agora
os espelhos servem o contemplar
de todos os tempos fora da hora
não resistam ao fulgor exemplar
da vida para além do elementar

......................................ORGÂNICO

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Buquê de cores





Eu queria te dar uma cor,
que valesse um suspiro teu,
encontrei então, um filme meu
tão lindo, era o Amarcord.
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Eu queria te dar uma cor,
que apagasse um desprezo teu,
porém encontrei um camafeu.
Tão bemvindo. Ah, quanta dor...
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Eu teria te dado uma cor,
que alegrasse um momento teu.
Seu olhar vagava pelo museu.
São cinco horas e ainda faz calor.
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O sol se põe e não há mais cor,
que me junte ao lado teu.
Tudo esvanece quando é breu.
Vãs tintas quando não vem o amor.



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