quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Muro de igreja

esquina dos encontros furtivos,
melhor é no muro da igreja
para apertos e amassos,
beijos e encostos.

Ouço seus gemidos, minha santinha,  
tantos pecados não confessados,
atiçados pelo fogoso cavalo
contido nos arreios dos jesuítas.

lampião da indecencia
atiradeira pra que te quero.
queima a luz da moral
e livra o desejo da inocencia,

a lembrança de seu corpo
encostado no frio estuque,
seus cabelos em coque e
meus dedos avançavam ao toque
da orquídea ameaçada pelo estrume
do indomável potro.

Sorrio dessas imagens
distantes pelos séculos
e sinto o perfume
das damas da noite,
exalando a presença
dos eternos amantes.  



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Quimera Elétrica





Entre os cactos por testemunhas,
o ventre nebuloso rompeu-se.
O peso da massa eletromagnética
faz o ser incorpóreo surgir
esbranquiçado por tramas
ensandecidas de raios elétricos.


Seus passos são descargas
mortais aos infortunados,
impiedosos por natureza
marcam uma devastação
desapaixonada.


Não há risos nem lágrimas,
tão-somente poder e expressão.
Poder por ser tão expressivo,
tão grandioso, por ser tão
para além da morte.


Quimera elétrica nascida do ventre
das nuvens moventes.
Quimera cuja mãe é água
e cujo pai é céu.
Quimera sem nexo, sem sexo,
parte o céu em duas metades,
descarrega trovões pela língua de fogo,
perambula ao esmo, sem tino e sentido.


Quimera fétida de enxofre,
filha das trevas do terceiro céu.
seu antídoto é a fria terra,
pois engole suas faíscas traiçoeiras
e  espinhos elétricos.
Acalma sua fúria de relâmpagos
como um colo de mãe, afaga
o seu ser não-ser.


Bonanza.
Ventos leves sopram e empurram
as nuvens cansadas e combalidas
pelos embates inorgânicos.
Os elementos se recompõe
e a antimatéria se defaz
e faz a vida renascer.

















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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Olhar de palha

um banco de cor branca,
um caminho liso,
um olhar de palha...
trançada,
interrompe a calçada,
como o silencio das pausas,
ou o teto branco
do quarto.

uma mente esquecida
um barco ardente
um jogo de xadrez.
nada se conecta
nesse mundo de games;
o banco vazio
assiste em suas costas
a preocupação dos desocupados.
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