quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O berço de Dioniso

Eis que o momento é chegado,
chegado o tempo do vazio,
o tempo como lugar,
coisa essa que não era para ser.
O tempo como espaço,
vago,
vago de si,
vago de ser,
de passar pela vida,
pela vida dos outros,
da sua,
do cavalo,
das pedras,
das flores...

Vago de si, sem amarras cruéis,
aí o tempo é lugar,
o lugar do tempo vazio.
Ao tropeçar no meu  vazio
me arraso,
como um refluxo das águas,
que se retraem ao oceano,
num refluxo sem fim,
puxando todos os corpos, todas as almas,
todas as vidas, para um um lugar sem fim,
onde me sinto solto,
livre das horas e das eras,
onde o tempo não é mais tempo, um Hades.

Nessa fervura de refluxos de tempos e lugares,
não há ligações,
não há sentimentos, nem apêgos, nem medos, nem ãnsias, nem desejos.
Somente nada de vontade,
sem esperas, sem expectativas, sem cobranças.
Só ser!

Aqui, enfim, é o berço, o berço de Dioniso,
aquele que ria de mim  acorrentado
nas entranhas de Cronos.
E você?


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